12.10.12


 
"O coração é a víscera mais nobre porque leva consigo a imagem de um espaço, de um dentro obscuro secreto e misterioso que, em algumas ocasiões, se abre.
 Este
 abrir-se é a sua maior nobreza, a acção mais heróica e inesperada de uma entranha que parece de imediato não ser senão vibração, um sentir puramente passivo (...) E é tão passivo que não deixa de o ser ao actuar, é o oferecimento daquilo que não tem outra coisa senão integridade. Suprema acção de algo que, sem deixar de ser interioridade, a oferece num gesto que parece que poderia anuná-la, mas somente a eleva. Oferece-se por ser interioridade e para continuar a sê-lo. E isto (interioridade que se oferece para continuar a ser interioridade, sem a anular) é a definição da intimidade.
Somente aquilo que constitutivamente é fechad pode ser a sede de uma intimidade; aquilo que com suprema nobreza pode abrir-se sem deixar de ser cavidade, interioridade que oferece o que era a sua força e o seu tesouro, sem se converter em superfície."




M. Zambrano
in A Metáfora do Coração

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